Quadros-montagens
Os quadros-montagens de Frans Krajcberg procedem da mesma abordagem: reviver o que está morto. O menor detalhe natural, que nosso olho esquece de olhar, pode nos permitir de nos reconectar com a natureza. Elementos díspares, apenas recolhidos na natureza - pedras, cipós, corais, folhas, madeira ... tornam-se universos por si próprios aos quais a luz ou o movimento imperceptível de um inseto devolve vida.
As flores vermelhas
Na década de 1960, em Paris, Frans Krajcberg realiza uma primeira série de quadros-montagens feitos de flores esculpidas, cobertas por pigmentos naturais de cor vermelha, a cor do fogo e da força. Sua abordagem está mais próxima da reprodução do que da reapropriação. Suas flores pintadas exalam uma violência que associa a força da vida - vermelha - a um símbolo de morte, pois para ele a flor carrega consigo algo mórbido.
Quadros-montagens de fragmentos naturais
Frans Krajcberg trabalha nos seus quadros-montagens feitos de fragmentos naturais, aplicando uma liga de terra e cola, sobre papel seco ao sol, no qual eles são redesenhados. Ele também faz colagens simples em painéis de madeira. Seus quadros-montagens “cenografam” os elementos apresentados, sublinham sua beleza natural para desenvolver novas formas, novos universos, novas mensagens.
Seus primeiros quadros em pedra mostram pedras vivas e vibrantes sem artifícios. O material e a cor são crus. Nenhum trabalho é feito com as mesmas pedras. Ele coleta meticulosamente quartzo, granito, ametistas, cristais ... Transparentes ou opacas, redondas ou pontiagudas, as pedras revelam um mundo de formas, de cores incomparáveis e de vibrações inesperadas
De acordo com Thérèse Vian,
“Os quadros em pedra de Krajcberg são um convite silencioso ao devaneio sem fim, um espaço de reflexão que se abre sobre a Natureza, sobre o Homem, o visível e o invisível. Um devaneio de solidez, dureza e resistência, que, relacionado com a sua obra, realçaria o seu passado doloroso, sempre subjacente. Esse passado que nunca o abandona e que o teria tornado, na aparência, duro e agudo como uma pedra. Este desejo de evocar imagens cortantes revela sem dúvida ao artista a necessidade de operar uma verdadeira operação cirúrgica que cortaria o coração deste passado doloroso. A pedra teria, portanto, um papel libertador para o artista que já não tem a mesma necessidade de utilizá-la no final de sua vida. Ela continuará presente em seus trabalhos subsequentes, mas não mais de modo tão significativo. Será apenas um elemento estético de adorno, que embelezará suas árvores carbonizadas.”
“Minha conclusão é que sou mais pobre do que a natureza, que ela cria muito mais do que eu. Eu via nela todas as formas que pensamos estar inventando e não estamos inventando nada. Eu queria dominá-la. Eu fazia quadros com pedras em Minas Gerais e via que na própria natureza elas eram muito mais expressivas, muito mais vivas do que os quadros que eu havia feito, então desisti.”
Frans Krajcberg